Levar o xadrez para a sala de aula é uma proposta que auxilia transversalmente no desenvolvimento de outros conteúdos curriculares. O xadrez também oferece um espaço aberto para troca de informações e conhecimentos entre os jogadores sendo um excelente meio de interação, expressão e de formação do caráter dos adolescentes. Diante da necessidade de se implementar novas práticas de ensino, estabelecendo um diálogo propício entre professor-aluno e aluno-aluno, o xadrez cumpre um papel essencial. O ensino do xadrez coloca em xeque as hierarquias da sala de aula, promovendo uma real e verdadeira interação entre a comunidade escolar.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE - USO DO XADREZ NA SALA DE AULA
INTRODUÇÃO: A matemática tem sido considerada como uma das principais responsáveis pelo alto índice de repetência dos estudantes brasileiros. Há, contudo, quem se apaixone pelos números. Entre eles, os amantes do xadrez.
O trabalho com o jogo se apresenta, atualmente, como uma grande e rica experiência educativa, na medida em que integra alunos e professores, escola e comunidade na busca do autoconhecimento e fortalece uma relação social mais intensa.
O jogo desperta qualidades especiais no enxadrista (nome que é dado ao jogador de xadrez), ao facilitar que compare situações com mais precisão, descreva e analise acontecimentos com mais detalhes, que seja mais hábil em relacionar causas com suas respectivas consequências, e, sobretudo, que adquira senso de responsabilidade.
Este jogo possibilita, por outro lado, um constante desafio para a criatividade. Como esporte, envolve adversários em luta direta a partir de condições iguais. Descarta exigências específicas de seus praticantes, como tipo físico, rapidez e força. Finalmente, possibilita a todos um vivo exercício mental.
MATERIAL: Tabuleiros de xadrez em quantidade suficiente para atingir todo o público-alvo, sejam alunos ou até mesmo membros da comunidade escolar.
DESENVOLVIMENTO:
1. Contextualização histórica: ao iniciar um trabalho com o xadrez é fundamental realizar uma contextualização histórica e social, apresentando aos alunos informações sobre como surgiram as peças e o tabuleiro, quais foram os povos que contribuíram para essa evolução e quais os princípios éticos que são desenvolvidos a partir da prática do jogo.
Após essa socialização o professor pode solicitar a grupos de 3 a 4 alunos que identifiquem os períodos da história do xadrez, elaborando coletivamente uma linha do tempo com os principais acontecimentos relacionados ao jogo.
2. Aprendendo a jogar: em seguida, o professor forma equipes de 5 membros dispondo-as em torno dos tabuleiros, espalhados estrategicamente pela sala de aula.
Após distribuir cópias das regras para todos, que podem ser obtidas no site: www.clubedexadrez.com.br, iniciar apresentação do jogo, mostrando as possíveis movimentações das pedras no tabuleiro, fazendo, ao mesmo tempo, a contextualização histórica de cada uma, como orientado no texto indicado. Destacar, por outro lado, a importância da relação entre as jogadas para que se chegue ao tão almejado xeque-mate. Sanadas as eventuais dúvidas, o próximo passo é iniciar o jogo.
A cada nova jogada, os membros de cada equipe deverão discutir o próximo movimento a ser adotado por suas pedras. Enquanto os grupos discutem as estratégias do jogo o professor circula para eventuais esclarecimentos.
3. As 4 operações matemáticas: após 20 minutos, o professor pede aos alunos que observem como as 4 operações matemáticas estão presentes na movimentação geométrica das peças:
- Na adição, quando há um ganho de pontos através das trocas de peças;
- Na subtração, quando é eliminada uma peça pelo oponente e se perdem os pontos dela;
- Na multiplicação, quando uma peça aumenta o poder da outra. Exemplo: pensando em eliminar a rainha do oponente coloca-se uma torre na horizontal ou vertical, a sua potência é dobrada ao colocar outra torre nesta coluna, fazendo com que se multiplique a potência para o qual o jogador tentará eliminar a rainha;
- Na divisão, quando as peças estão mal posicionadas ocorre a divisão de forças do tabuleiro. Exemplo: o bispo se encontra numa posição confortável protegido por um peão, ao andar duas ou três casas a fim de dar um xeque-mate no rei ele poderá ser atacado pelo oponente, nesta situação sua força será dividida por quantas peças o atacarem.
O professor poderá também anotar as figuras e a movimentação algébrica das peças do xadrez; as coordenadas algébricas sobre um plano cartesiano; a localização espacial em um plano; a noção do tempo através do cálculo de lances e ainda o conceito do domínio espacial em uma determinada posição (levando em conta que quem tem mais espaço possui mais possibilidades de lances).
4. O papel do educador: para esta atividade, o educador adota os papéis de orientador inicial e facilitador da expressão dos alunos no processo de organização do pensamento, planejamento da jogada e consequente tomada de decisão.
Para as jogadas é importante que o professor estimule os alunos a analisarem o tabuleiro e as pedras ali contidas de maneira a se acostumarem com a postura analítica da cena. A diversidade de possibilidades de jogadas pode ser enorme, conforme se der às discussões entre os membros das equipes e a interação com a equipe oponente.
AUTO-AVALIAÇÃO: Finalizando esta primeira partida, o professor fará com os alunos uma auto-avaliação. É importante que o aluno descreva: do que mais e do que menos gostou no jogo; que dificuldades encontrou: qual jogada foi a mais difícil e o que poderá fazer para melhorar a sua tática de jogo.
- FONTE: JORNAL DA TARDE, 07/05/06
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